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sexta-feira, 2 de março de 2012

A poesia de Charles Baudelaire ( quadros parisienses)

A uma passante

A rua em derredor era um ruído incomum,
Longa, magra, de luto e na dor majestosa,
Uma mulher passou e com a mão faustosa
Erguendo, balançando o festão e o debrum;


Nobre e ágil, tendo a perna assim de estátua exata.
Eu bebia perdido em minha crispação
No seu olhar, céu que germina o furacão,
A doçura que embala e o frenesi que mata.


Um, relâmpago e após a noite! -  Aérea beldade,
E cujo olhar me fez renascer de repente,
Só te verei, um dia e já na eternidade?


Bem longe, tarde, além, jamais provavelmente!
Não sabes aonde vou, eu não sei aonde vais,
Tu que eu teria amado - e o sabias demais!

Mulher-totem

O poema"A uma passante" de Baudelaire e a música "As vitrines" de Chico Buarque mantêm entre si certas semelhanças quanto ao objeto de exegese do flâneur em manifestações literárias contemplativas da visão do homem moderno. O eu-lírico acompanhado nos dois casos referidos participam de um estado de delírio ou euforia ao deslumbrar-se na observação da "mulher-totem", pois ela não é mais musa e sim adorno da cidade, instante de poesia flagrado; que não se deixa notar e depois se evola no meio da multidão. Afinal, ela também é uma heroína da modernidade e como o flâneur compõe o quadro da cidade do qual todos estão imersos em suas individualidades.
                Por Stéphanie.

quinta-feira, 1 de março de 2012

Baudelaire e sua definição de flâneur


Para o perfeito flâneur, para o observador apaixonado, é um imenso 
júbilo fixar residência no numeroso, no ondulante, no movimento, no fugidio e no infinito. Estar fora de casa, e, contudo sentir-se em casa onde 
quer que se encontre; ver o mundo, estar no centro do mundo e permanecer oculto ao mundo, eis alguns dos pequenos prazeres desses espíritos 
independentes, apaixonados imparciais, que a linguagem não pode definir senão toscamente. O observador é um príncipe que frui por toda a 
parte o fato de estar incógnito. (1996, p. 22)
                       
               RIBEIRO, C.G. A memória através do olhar do flâneur. http://www.filologia.org.br/xiv_cnlf/tomo_3/2256-2267.pdf.

quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

O flâneur em Chico Buarque


AS VITRINES

Eu te vejo sumir por aí

Te avisei que a cidade era um vão
- Dá tua mão
- Olha pra mim
- Não faz assim
- Não vai lá não
Os letreiros a te colorir

Embaraçam a minha visão
Eu te vi suspirar de aflição
E sair da sessão, frouxa de rir
Já te vejo brincando, gostando de ser

Tua sombra a se multiplicar
Nos teus olhos também posso ver
As vitrines te vendo passar
Na galeria, cada clarão

É como um dia depois de outro dia
Abrindo um salão
Passas em exposição
Passas sem ver teu vigia
Catando a poesia
Que entornas no chão

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

O que é a flânerie?



Flânerie deriva da palavra flâneur,aquele que flana, caminha, passeia. O sentido de flanar conduz a uma travessia pela cidade, não somente a física; mas também, a criada pela urbe que habita em nós, na medida em que somos constituídos por relações imaginárias. Ou seja, flanar baseia-se num percurso épico que o flâneur empreende por muito conhecer a cidade. Embora o seu olhar sempre seja o do distanciamento, ele é antes de tudo um observador que sente a cidade,” ele busca  asilo na multidão” como bem disse  Walter Benjamin. Dito isto a flânerie é o meio pelo qual se pode contemplar a cidade sem ser dela integrado, pois esse circular investigativo na cidade envolve reflexão e compreensão dos fenômenos que a envolvem.


                      Por Stéphanie